Dificuldades do Artista

"O problema principal da arte do nosso tempo, em que estala por todas 
as juntas a armadura do capitalismo, é criar uma ponte entre o povo e o artista"
E.Fischer

A principal abordagem neste contexto tem como foco mostrar o que está por trás do trabalho do artista, principalmente quanto às dificuldades e limitações que o profissional encontra para garantir sua sobrevivência e a permanência de sua profissão nos âmbitos da sociedade.
No Brasil, para se viver da arte talvez seja preciso conviver com algumas adversidades, pois, por mais que tenha crescido, esteja crescendo e surgindo novas políticas de apoio à arte, o mercado artístico ainda é fechado e inseguro. De certo, nem sempre o profissional será reconhecido como deseja ou não terá o retorno financeiro que espera. O artista constantemente encontra dificuldades para se estabelecer no mercado e exercer sua atividade e mesmo com a infinidade de elementos que a arte possui e que, por sua vez, são inerentes à perpetuação cultural, a arte continua tendo um espaço irrelevante nas prioridades para as políticas sociais.
Ao escolher a área artística como profissão é necessário que o artista se adapte a um sistema que engloba inúmeras áreas diferentes e que sofre transformações contínuas. O artist
que deseja por em prática seus projetos, sabe, que irá se deparar com dificuldades, pois o atual mercado artístico está cada vez mais competitivo e com recursos insuficientes, por esse
motivo tornou-se difícil identificar o lugar reservado para a arte no cenário atual. A prática artística, por sua vez, tem se tornado muito barata e, até, mais acessível. Com a colaboração tecnológica, o indivíduo pode criar suas músicas em seu próprio computador. Essa foi uma oportunidade de trabalho para muitos artistas que não foram reconhecidos por uma grande gravadora ou por uma grande emissora, pois conquistaram mais chances de publicar o seu trabalho. Mas, mesmo com uma maior oportunidade de divulgação, é preciso que o artista lute para garantir a preferência do público nas peças de teatro, nos pequenos galpões e não seja engolido pelas produções de caráter predominantemente voltado para a mídia.
Dessa forma, para se manter ativo, muitos artista precisaram trabalhar também nos bastidores, conhecer de produção, mecanismos de financiamento, patrocínio, ser criativo e, além de tudo, contar com a visualização de seu trabalho por outras pessoas. A dedicação a apenas uma atividade da área artística talvez não seja suficiente para conseguir o sustento, pois é difícil contar com um emprego fixo numa instituição como ator ou artista plástico, por exemplo.  Segundo Samira Ávila, Coordenadora Executiva do Núcleo Valores de Minas “são poucos os grupos, empresas e associações que conseguem contratar o artista com os direitos trabalhistas (carteira assinada). O mercado ainda gira na lógica da prestação de serviços, o que é extremamente preocupante”[1].
Por tais motivos, muitas vezes, pessoas que gostariam de trabalhar dentro da área artística acabam não investindo suas carreiras nisso, pois o próprio mercado de trabalho cria grande insegurança para esse ramo. Algumas pessoas, por exemplo, gostam de Teatro ou Artes Plásticas, mas se formam em Veterinária. De certa forma, desde pequenas as pessoas aprendem que as profissões mais prósperas são aquelas ligadas à Medicina ou à Engenharia, por exemplo.
Outros artistas, por sua vez, trabalham como cantores, atores, dançarinos, e simultaneamente são professores dessas mesmas áreas, produtores e iluminadores, ou seja, trabalham na área artística e realizam várias atividades ao mesmo tempo.
Todos os dias o artista precisa se locomover e enfrentar as dificuldades de seu trabalho,
pois, na conjuntura atual, não basta criar, é preciso encontrar meios de concretizar o trabalho e, na maioria das vezes, o caminho, é longo, árduo e repleto de limitações. Em entrevista, a Coordenadora Executiva nos fala que para garantir o sustento os artistas precisam “abrir o leque de capacitações. Não ser apto a apenas uma função, mas a várias dentro da arte”.
Ao mesmo tempo em que o artista busca obter o reconhecimento de sua profissão procura, também, mudar a visão da sociedade sobre a importância do trabalho artístico e inseri-lo no dia-a-dia de cada indivíduo. Como afirma a pianista Celina Szrvinsk, “se não  
fosse a paixão muito grande pelo que faço e a certeza de que isso pode frutificar, largava no caminho. Temos uma crença, uma fé absoluta naquilo que investimos”.
Torna-se cada vez mais necessário potencializar, através de intercâmbios e articulações, o trabalho dos profissionais da arte que, por sua vez, transmitem à sociedade um dos principais elementos de transformação social. Através da arte é que se manifesta a cultura e as expressões da história de um povo. Por meio da arte surge a oportunidade de mudança e evolução dos indivíduos. Portanto, é essencial que os governos façam investimentos em espaços para a descoberta de talentos, divulgando os trabalhos artísticos, apoiando e incentivando centro-culturais e fornecendo estrutura ao trabalho que o artista realiza em toda sua totalidade.



[1] Samira Ávila é Coordenadora Executiva do Núcleo Valores de Minas desde janeiro de 2010 e concedeu esta entrevista em 28 de Outubro de 2010 a Nathalia Queiroz.